Resenha #41: Uma Canção para a Libélula - Parte 1 - Juliana Daglio

Livro: Uma Canção para a Libélula - Parte I

Autora: Juliana Daglio

Páginas: 235

Editora: Deuses

Sinopse: Era uma comum primavera numa fazenda qualquer, mas um encontro inusitado aconteceu: a Menina e a Libélula se viram pela primeira vez. Assombrada por um medo irracional da Morte, a Menina é marcada por esse encontro para o resto de sua vida. Compõe então uma canção em seu piano, homenageando a misteriosa libélula.

Os anos se passaram, Vanessa vivia em Londres e tinha a vida cercada por seu iminente sucesso como pianista, porém, algo aconteceu, mudando seu destino: Uma doença, uma viagem e um reencontro.

Vanessa precisará encarar fantasmas que sequer lembrava um dia terem assombrado sua vida, tendo de relembrar a morte do irmão e reviver seu conflito com a mãe. E mais importante e mortal, conhecer a grande antagonista de sua vida, a quem chama de Vilã Cinzenta.

De Londres a São Paulo, dos Palcos aos Lagos. “Uma canção para a Libélula” é a história de uma alma perdida e de sua busca por quebrar o casulo de sua existência, para só então compreender o sentido da própria vida. Este livro é um profundo mergulho em uma mente nebulosa, permeada por lagos obscuros e pela inusitada morte; não havendo sequer esperanças.

 "A Libélula abençoou a menina, transferindo a ela sua essência."

Sabem aquele tipo de resenha que parece ser impossível de ser feita? Que você amou tanto o livro que nem sabe como iniciar uma resenha sobre ele? Bem, isso é o que estou sentido enquanto tento escrever essa resenha.

"- Venha, vou lhe mostrar uma coisa. mas tente não desviar os olhos."

Uma Canção para a Libélula nos apresenta Vanessa, uma jovem pianista muito talentosa, que mora em Londres e faz muito sucesso por lá, seu talento é magnífico, mas isso não a deixa esbanjando alegria como seria o normal, ela é uma jovem triste, sua infância foi traumática demais, um verdadeiro inferno, teve que conviver com as perdas e o desprezo da mãe. Isso implicou para que ela se tornasse quem é hoje,um jovem triste, que tem que conviver com seus passados do passado, se tornou fria, se tornou alguém que não sabe sentir o amor, não sabe amar, por não ter recebido tal coisa na infância.

"Quando uma dor pede para levar embora suas lembranças ruins, ela leva também aparte boa. Arranca as raízes de tudo que você lembrava ser. Foi isso que me aconteceu. A dor me levou a parte boa de minha infância, e só deixou um vazio enegrecido para trás. Eu fora feliz em minha maneira silenciosa."

Vanessa foi levada muito mal de sua casa por sua tia para Londres, e desde então sua tia é como se fosse a mãe que ela nunca teve. Tem um namorado que é apaixonado por ela, mas ela não consegue sentir o mesmo por ele, e para piorar, ele a pede em casamento, e isso é algo que ela nem imagina em ter, não acredita em casamento e nem em amores que durem para sempre. Então ela recusa, e claro que o namorado não fica feliz com isso, e fala umas verdades na cara dela, e apesar de a ter magoado, ela sabe que tudo que ele lhe disse é verdade.

"Eu não posso viver nesta pele dura.

Mas se eu sair, os fantasmas me pegam."

Uma ligação irá fazer ela voltar para o pesadelo que sempre desejou esquecer: casa. Seu pai está doente e a pede que volte para o Brasil, para casa, para passar um tempo com ele, já que ele não pode ir para Londres vê-la. Então ela se prepara para a tão temida viagem. E tudo retorna a sua mente, a perda, a falta de amor, a vilã cinzenta, os pesadelos, o atraso...

Quando chega em casa, é recebida com muito amor por seu pai, por seu irmão e a cunhada que ainda não conhecia. E daí vê Valéria. Sua mãe. A mulher que sempre a culpou por ter perdido a carreira de modelo por ter engravidado dela, que nunca deu o amor de mãe que a filha sempre precisou, que sempre culpou e ainda a culpa por tudo que aconteceu de ruim na vida dela. Esse reencontro, depois de tanto tempo, faz Vanessa ficar frágil, e ela sente culpa por se sentir assim depois de tanto tempo. A vilã cinzenta volta novamente e faz Vanessa reviver tudo de novo.

"Nada fazia sentido. Nem o que eu via, nem o que eu sentia."

Minha resenha, e acredito que nenhuma outra qualquer, poderá passar à vocês o quão realmente esse livro é perfeito, não tem como. Assim que iniciei a leitura eu sabia que esse livro iria me encantar, a escrita da Juliana é perfeita, sei que já disse isso à ela, mas tenho que falar de novo, quando vocês lerem saberão disso, não é uma escrita mal feita, que te deixa cansada logo nas primeiras páginas, é o tipo de escrita que te prende do início ao fim.

"As pessoas ficam impressionadas com os melhores.

Mas elas não sabem: eles são loucos; cheios de cicatrizes.

Elem caem, até do nada."

O livro parece tão real, que a gente sente tudo o que se passa com a Vanessa. A história aborda a vilã cinzenta da forma como tem que ser, na minha opinião, o sentimento de quem passa por isso, o que causa na vida, a mudança toda. Não vou falar quem é a vilã cinzenta, terão que ler para descobrir. Vemos a culpa de um pai que não deu o amor que a filha tanto precisava. Vemos uma mãe infeliz com a própria vida e acredito que culpando a filha por sua negligência.

"A menina em minhas lembranças tinha se encantado pela libélula, tinha sonhado em ser alguém, tinha acreditado que havia conseguido. Mas até mesmo a libélula virara cinzas."

Não posso falar mais, o livro terminou numa cena um tanto quanto malvado para nós leitores, haha, muito malvado. Na segunda parte do livro, acredito que muitas lacunas serão preenchidas e acredito que entendemos a Valéria, apesar de eu ter ficado com vontade de dar umas tapas na fuça dela u.u. Espero que leiam e que se encantem e se emocionem com essa história.

Juliana, eu leria até a sua lista de compras.